27 de setembro de 2010

Variando. Sem variar.


Sem romantismos. Hoje quero apenas paixões. Sim, aquelas de tirar o fôlego, do coração vir a boca com um simples toque, da respiração parar com a aproximação do outro. Nada melhor que isso... Se estiver entrelaçado às borboletas no estômago, é perfeito, mas eu disse que deixaria o amor-romântico de lado. Não.
O comparo ao êxtase por sentir o perfume novo e absurdamente delicioso que acaba de ser comprado. Bom de sentir, gostoso de sentir. Mas (é, sempre há um porém), quando resolve-se permanecer com o perfume, usando-o todos os dias, acaba-se enojando ao fim de alguns meses. Não que ele tenha deixado de ser bom, tampouco esteja na hora de aposentá-lo pra sempre. Mas uma pausa cai bem.
Hoje, ao usar uma colônia que a algum tempo não usava (pois estava cansando do cheiro), senti novamente a sensação boa de produto recém-comprado. A pausa o fez bem.
Quizá a paixão também deva ter um tempo, um intervalo... Nada melhor que sentir-se como no início de tudo.

22 de setembro de 2010

Strani amore

Estranhos amores que vão e vem. Nos pensamentos se escondem histórias verdadeiras que nos pertencem, mas se perdem como nós. Amores estranhos, frágeis, prisioneiros livres. Amores estranhos que nos colocam em problemas, mas na realidade somos nós.
São amores estranhos que não quero viver, me desculpe, mas devo ir embora. Desta vez é uma promessa. Porque eu quero um amor verdadeiro... sem você.

Renato Russo

20 de setembro de 2010

Só para explicar

Ou pelo menos tentar.



E mais uma vez você me pergunta com seu jeito mais inocente: "o que eu fiz?". E eu apenas te respondo: "você nasceu, foi isso". Mas não é apenas isso, nunca foi apenas isso. Eu tenho uma lista de tudo o que você me fez, mas eu nunca consigo te falar... não sem ficar assim.
Você apareceu pra mim na hora certa pra um amigo, mas na hora errada para o que você queria ser. Você gostou de mim quando simplesmente eu não podia e nem queria gostar de outra pessoa. Você esteve ao meu lado em todos os momentos desde então... eu sabia que podia contar com você, e estava ao seu lado também, mas não do modo que você esperava que eu estivesse. Você me viu chorar por outro, enquanto você chorava por mim. Eu tentei, eu juro que eu tentei, mas naquela época meu coração já estava ocupado demais pra caber mais um dentro dele... E depois, talvez estivesse até vazio, mas estava tão machucado que a dor não suportava que entrasse mais alguém ali. Você me curou. E depois me machucou. Me machucou com palavras, me machucou com seus gestos, me machucou porque havia cansado de ser lesionado e não fazer nada a respeito. A dor passou outra vez. Ou pelo menos adormeceu. Você foi e voltou, dessa vez meu coração te aceitou. Você mudou, eu mudei; e isso fez com que o passado ficasse pra trás, pra dar espaço ao que estava por vir. Você me fez gostar de você mais e mais a cada dia que passava, é assim que é até hoje. E houveram mais momentos ruins algumas vezes (eu sei que sou frágil demais). Você continuou ao meu lado como sempre, e me fez ver cada vez mais que só precisava estar aqui pra eu me sentir bem dessa maneira que me sinto. Mas hoje... hoje eu já não sei mais, hoje eu já não entendo mais, não sei o que você pensa, não sei o que você quer, e, menos ainda, o que você sente. Não há mais fala, não há mais frases certas em momentos certos. Só silêncio. Então você diz que não estará mais ao meu lado. Mais uma lesão... dessa vez, que terá de esperar alguns meses para poder se curar. Ou talvez não se cure. Ou talvez não espere. E você, que jurou ser pra sempre, agora se vai...
Foi isso que você fez, é isso que você está fazendo. É por isso que hoje a dor é maior do que foi a um tempo atrás. E a culpa é toda sua.

17 de setembro de 2010

Silêncio


Disse pra mim. Nenhum pio. Não vou falar nada. Já que sou tão imprópria, inadequada, boba. Já que nunca basto e se tento me excedo. Já que não sei o que deveria ou exagero em querer saber o que não devo. Nunca entendo exatamente, nunca chego lá, nunca sou verdadeiramente aceita pela exigência propositalmente inalcançável. Meu riso incomoda. Meu choro mais ainda. Minha ajuda é pouca. Meu carinho é pena. Meu dengo é cobrança. Minha saudade é prisão. Minha preocupação chatice. Minha insegurança problema meu. Meu amor é demais. Minha agressividade insuportável. Meus elogios causam solidão. Minhas constatações boas matam o amor. As ruins matam o resto todo. Minhas críticas causam coisas terríveis. Minhas palavras cuidadas incomodam. Minhas palavras jogadas, mais ainda. Minhas opiniões sempre se alongam e cansam. Minhas histórias acabam sempre no egocentrismo ou preconceito. Meu sem fim dá logo vontade de encurtar. Minha construção, desconstrói. Meus convites quase nunca agradam. Meus pedidos sempre desagradam. Meus soquinhos de frases são jovens demais. Meu bombardeio de coisas sempre acaba em guerra. Minha paz que viria depois nunca chega, pois eu nunca chego. Minha voz doce assusta. Minha voz brincalhona é ridícula. Minha voz séria alarde. Nenhum pio. Disse pra mim. Falar do que sinto é, na hora, desintegrar com seu olhar. Então fico me perguntando sobre o que deveria dizer, se só sei o que sinto. Devo sentir por personagens de livros, filmes, jornais e ruas? É assim que se diz sem ser o que não importa de verdade? E se for o contrário? Mas pra dizer do contrário, fica sempre no ar, é melhor não dizer. Se digo algo sobre minha vida, só sei falar de mim. Se digo algo sobre a vida dele, coitada de mim, achando que sei alguma coisa da vida. Se falo sobre a vida dos outros, que papo furado é esse? Se falo sobre coisas me sinto mais uma delas. Se provoco, eu que provoque sozinha porque ele não é trouxa de cair. Sobre livros, nunca são os que interessam. Sobre minha reportagem, nem quis ler. Meu trabalho nunca foi e nunca será da mulher dos sonhos. Meus sonhos evito falar, um medo de ser menina. Quieta. É assim que será. Se digo certo, isso logo acaba. Se digo certeiro, acabou. Se digo errado, nunca acaba. Se eu for mulher, mulher é um saco. Se eu for homem, homem só existe ele. Se eu for criança, fale com sua analista. Nenhum pio. Combinei comigo. Falar da gente pode? Pode, desde que, depois, eu tenha estrutura para ver toda uma massa desistente desabando sobre meu sofá pequeno. Nadinha. Não vou falar nada. Sobre dor não toca. Sobre prazer toca pouco. Nada. Porque toda vez que eu pergunto, quase ofende. E se respondo, ofende mais. E se exclamo, minha vontade de viver soterra. E se são três pontinhos, não posso. Se começo preciso terminar. Mas quando termino, ele já não está mais. Se repito, quase explode. Se digo uma, sou boa de ser guardada em algum lugar que nunca vejo. Se não explico, pareço louca. Se explico, sou louca. Quieta. Isso! Você consegue! Se for o que eu penso, eu penso errado. Se for o que eu não penso, errei por não pensar. Se não for nada disso, eu que pensasse antes. Se estou animada, cuidado com a rasteira. Se estou desanimada, não tem mão pra levantar. Nada. Não vou sussurrar. Nem gemer. Nenhum som. Respiração muda. O silêncio absoluto. Olhando pra ele. Lembrando de quando ele me disse que é no silêncio que se sabe a verdade. E a verdade chega como um teto gigante que desaba numa cabecinha de vento. O que eu mais temia. O que eu não queria descobrir. Ela me diz. E o pior é que eu nem posso falar por ela. É tudo mentira.


Por: Tati Bernardi (http://www.tatibernardi.com.br/)

5 de setembro de 2010

Minhas verdades

Sabe quando você cansa? Cansa do silêncio. Cansa do barulho. Cansa de coisas que há tempos não foram ditas. Cansa de dizer sempre a mesma coisa. Cansa de avisar e nunca cumprir. Cansa de dar a cara a tapa e ser estapeada. Cansa da infantilidade de gente que já saiu da infância faz tempo. Cansa das mentiras. Cansa da bipolaridade. Cansa de deixar o coração falar mais alto. Cansa de perder dias por culpa de olhos inchados. Cansa de ser comparada. Cansa de se comparar. Cansa de ver apenas os defeitos e achar que tem quase nenhuma qualidade. Cansa de pessoas que não sabem dar valor. Cansa de pessoas que voltam para atormentar. Cansa de pessoas que dão palpite na vida alheia. Cansa de dar palpites na vida alheia. Cansa de pessoas que só procuram quando tem interesses pessoais. Cansa de pessoas do tipo que "só dá valor quando perde". Cansa das pessoas. Cansa de machismo. Cansa de feminismo. Cansa da religião. Cansa da política. Cansa de pensar em todos os outros antes de si. Cansa de contar as horas esperando uma ligação. Cansa de contar os minutos esperando um recado. Cansa de contar os segundos para não explodir de raiva. Cansa desse amor. Cansa desse ódio. Cansa desse lugar, dessa cidade, desse país. Cansa dos dias de sol, e dos dias de chuva também. Cansa de estar acordada. Cansa de não se sentir útil. Cansa de esperar atitudes ao invés de palavras que vão embora com o vento. Cansa de promessas não cumpridas. Cansa de cumprir promessas. Cansa de dar valor ao que não vale. Cansa de pensar em quem sequer pensa. Cansa de tudo. Até de ser você... É assim que eu me sinto.